10 de agosto de 2009

Só, na multidão...

A capacidade de estarmos sozinhos no meio da multidão (quando não imposta), é intrínseca à maneira como nos sentimos. É proporcional à estabilidade do inconsciente e inversamente proporcional à vulnerabilidade de nós mesmos.
Usufruir do estar-se sozinho, só funciona quando as vozes interiores se calam, quando o pensamento inseguro se desliga e quando nos conseguimos desligar do mundo que nos rodeia, podendo assim, passar a observá-lo e analisá-lo.
Inspirações de confiança de forma a homogeneizar o sentimento de segurança, de periodicidade regular e contínua, equilibram a balança que tende para o negativo, como se de difícil se tratasse. Mentira. Basta praticar. E, ao mesmo tempo, dominar a insegurança. Aniquila-se metade do egocentrismo que leva ao desconforto, porque, se não acreditássemos que o Mundo tem os olhos postos em nós, não no sentiríamos tão incomodados.
Admiro, portanto, quem tem a capacidade de saber estar só, de conseguir estar só e estar bem. Claro que, também admiro quem, dia após dia, se esforça para o conseguir! Admiro todos aqueles que se esforçam para serem melhores, seja naquilo que for…

1 comentário:

CarMG disse...

"Todos têm terror do silêncio e da solidão e vivem a bombardear-se de telefonemas, mensagens escritas, mails e contactos no Facebook e nas redes sociais da net, onde se oferecem como amigos a quem nunca viram na vida. Em vez do silêncio, falam sem cessar; em vez de se encontrarem, contactam-se, para não perder tempo; em vez de se descobrirem, expôem-se logo por inteiro: fotografias deles e dos filhos, das férias na neve e das festas de amigos em casa, a biografia das suas vidas, com amores antigos e actuais. E todos são bonitos, jovens, divertidos, "leves", disponíveis, sensíveis e interessantes. E por isso é que vivem esta estranha vida: porque, muito embora julgem poder ter o mundo aos pés, NÃO AGUENTAM NEM UM DIA DE SOLIDÃO."

Miguel Sousa Tavares,
No teu Deserto, pg 119