26 de agosto de 2009

As pequenas coisas que nos fazem sorrir

As pequenas coisas. Aquelas pequenas coisas que, sem razão aparente e vindas do nada, nos fazem sorrir. Mesmo sem o compreender, mesmo sem descobrir uma razão com lógica para tal. Apenas, porque sim. Apenas. Esta noite, vinha eu a conduzir, mais uma vez a conduzir, (mais parece que passo metade da minha vida ao volante do meu carro-só-me-dá-problemas, o que no fundo, tem uma ponta de verdade, no meio desta minha vida semi-nómada...). Parei num semáforo, num dos muitos e múltiplos e multiplicados e multiplicáveis semáforos que, juntamente com as horas ao volante, compõem a minha vida, especialmente quando não se transformam noutra cor que não o vermelho-STOP. Cantava, como sempre, a música que passava na rádio. Nem sequer tive que inventar muito a letra, como por vezes se torna necessário, dado as letras das músicas mudarem constantemente, como todos sabemos, a par com as vezes que os cantores se enganam. Passava Mafalda Veiga, “Em Cada Lugar Teu”, ao vivo no concerto mais pequeno do mundo da Rádio Comercial. Eu, como sempre, mais entusiasmada no meu concerto privado e pessoal do que a própria Mafalda no dela, cantava cada vez mais efusiva, ou tão efusiva quanto a minha rouquidão-praticamente-afonia me permitia. Olhei para o retrovisor, afinal estava parada e tinha que olhar mesmo para algum lado, não fosse o condutor da frente achar que eu tinha uma fixação psiquiátrica qualquer pelo seu carro, quando me deparo com a pessoa que ia no carro atrás do meu: não é que estava a cantar a mesma canção?! Obviamente que o som não chegou a mim da forma a que a primeira leitura induz, mas a abanar a cabeça ao mesmo ritmo que eu e a movimentar os lábios no mesmo compasso. Quase que tive vontade de sair do carro e ir falar com a rapariga. Não o fiz, afinal ainda me resta algum bom senso, mas tive vontade. Juro que sim! E nisto, o semáforo passou para verde-toca-a-arrancar e eu segui. Abri piscas para a direita (apesar de só ter empurrado a patilha) e segui a minha viagem a sorrir. Quase ridículo, bem sei, mas fez-me sorrir até casa este sentimento de partilha anónimo. E é este mais um exemplo do encadeamento de vidas. Desta vez, não me parece que eu tenha influenciado a vida de outrém, mas alguém desconhecido fez sorrir o meu final de dia.

5 comentários:

Marisa disse...

Gostei desta tua constatação de vida..."As pequenas coisas que nos fazem sorrir".

Mas penso que descobri o porquê do teu "carro-só-me-dá-problemas".. Se cantavas, como sempre...será que o carrito não está farto e é uma chamada de atenção???

Lina disse...

As figuras que nós fazemos a conduzir sozinhas... :)

Eu, uma vez, dei com alguém num outro carro a olhar para mim e a sorrir enquanto eu cantava a plenos pulmões e com headbanging incluido.
Não era rádio, por isso gosto de acreditar que sorria porque conhecia e gostava daquela música...lol!

CarMG disse...

Há a versão do sorriso de gozo pelo headbanging lol nós também o fazemos, aos dois!!!!

ZapporssoN_81 disse...

É uma sensação brutal! eu tb já vi o mesmo!
Olhei para o lado e os lábios moviam-se em contornos identicos aos meus... sensação de identificação estranha

CarMG disse...

O que acho fascinante, não é somente a sensação de identificação, mas o facto de ser anónima! Sim, brutal :) E realmente fiquei feliz nesse fim de dia!