28 de outubro de 2009

Viajar

Para viajar não é preciso andar de um lado para o outro, basta olhar”, dizem. Pois bem, please, take your seats que a viagem vai começar!

O Sítio. É importante? Sim, mas não fundamental. O prazer de se viajar é algo inato. Está acoplado ao prazer da descoberta, ao gosto de se verem coisas novas, diferentes ou não das nossas (vindo essa conclusão à posteriori). Podemos dizer que, numa escala hierárquica, O Sítio, vem em segundo lugar, já que em primeiro, como é óbvio, vem O Viajante. Sem ele, não há viagem! Escolhamos O Sítio, então… Aeroporto? Que melhor sítio para se viajar, mesmo que não se saia da cadeira? Um internacional. Heathrow or Frankfurt! Grande. Cosmopolita. Movimentado. Multicultural. A multiculturalidade é dos aspectos mais interessantes para se viajar num aeroporto. Se não mesmo, O Aspecto Mais Interessante! Em que outro sítio temos a possibilidade de ver pessoas físico-culturalmente diferentes de nós? …o Martim Moniz não é, de certo, resposta… (pobre Martim Moniz, deve andar às voltas na campa…) Quanto maior uma cidade, mais desenvolvida económica e culturalmente, maior é o interesse que o seu aeroporto suscita. E não é só a cultura, física ou não, que transpira de todos aqueles que por nós se cruzam, enquanto viajamos sentados numa qualquer sala de espera. São os pormenores. A diferença. A especificidade. Os cheiros. As cores. O modo de estar. A educação… tanto, tanto… um doce para um olhar atento!

Mudando de objecto-sítio: Viajar sozinho numa esplanada. Café com Bica. Bom tempo. Telemóvel, na falta de um livro ou jornal, para não parecer que se está sozinho. E olhar. E apreciar. E ouvir as conversas alheias. E ver como os outros se movimentam. Como mexem as mãos. Como arranjam o cabelo, daquela forma inconsciente e nervosa. Como seguram o cigarro. Como olham por cima dos óculos. Como andam. Como se balançam. E, novamente, olhar. Assimilar. Viajar.

Mesmo viajando onde se conhece, ou onde se pensa conhecer. É sempre uma viagem nova. Porque os nossos olhos mudam. Tal como nós. Tal como os outros. Tal como tudo o que nos rodeia e que vemos. E olhamos.

E a música, banda sonora de qualquer viagem… por favor… que esteja de acordo… e não é que está?

3 comentários:

IsaCruz disse...

Este texto é bastante agradável de ler e obriga-nos a pensar... Indica, ou pretende indicar as várias formas de "viajar".
Andamos anos a passar num sítio que pensamos conhecer e que nunca nos "deu para viajar". Um dia, não se sabe bem porquê, resolvemos olhar para cima e descobrimos coisas inimagináveis (falo particularmente de zonas de Lisboa)e lá iniciamos a nossa "viagem regressiva no tempo"... Estava mesmo ali e como é que eu nunca vi isto antes??. "É sempre uma viajem nova".
Bjs
IsaCruz

CarMG disse...

Sim, Lisboa, toda ela é uma viagem sem fim. Independentemente a idade que se tenha. Independentemente do estado de espírito. A velha Lisboa sai sempre renovada a cada nova viagem.

Anónimo disse...

Viajar é abrir os olhos e simplesmente deixá-los apreciar..viajar no tempo, no dia, nas coisas pequenas.