29 de outubro de 2009

Muros invisíveis que se tornam reais

Não se agarrou a ela com força. Agarrou-a com força. Com toda a força. Com a que tinha fermentado. Potenciado. Agarrou-a com o desejo mais profundo de nunca mais a largar. A ela. À sua força. Com toda a força que dispunha. Que conseguia gerar dentro de si, de si para si. Para ela. Como se fosse a última vez que a agarrava. Que a tocava. Que a sentia. Agarrá-la daquela forma simbiótica e universal que, de forma transversal, atravessava o seu pensamento mais longínquo. O da finitude. Do fim. Conjunto. Ela. Ali. Tão perto. Tão sua. Tão só. Só de olhá-la não a conseguia largar. Agarrá-la era a única opção. Agarrá-la e prendê-la a si. À sua vida. Na sua vida, foi onde o muro se construiu. Elevou-se. Ele. O muro. Com vida. No meio. Da sua casa. Dos seus braços. Dos seus abraços. Agarrá-la pelos braços. Os dedos crivados a lágrimas, frias. Profundas. Nos braços. Finos. Seguros. Decididos. Impelidos de continuar. De abraçar. Os braços. Os abraços. Ele. Neles. Agarrá-la para torná-la real. Para o sentir. A ele. Aos seus braços. Baços. Sem vida. Deles. Para a sentir. De novo. Para sempre. Sua.

Não a agarrou com força. Agarrou-se a ela com força. A sua força.

2 comentários:

Anónimo disse...

Um abraço forte e sentido.Terno e quente. Deixa-me confortavel, feliz e protegida. Consegue acalmar a alma quando está vazia.:)

Gostei muito*

CarMG disse...

Abraços... quantas vezes não é mais íntimo que um beijo?

Um abraço é a partilha de um espaço íntimo, partilha do corpo, de pensamentos, de desejos... Se for "forte e sentido" hm...

***