Assim, misturada na multidão, daquele jeito feiticeiro dos Índios que contrasta com o branco pálido da minha tez. Sou invisível. E diluo-me, imaterial. Sou uma personagem minha que não Eu. E observo. Vagueio perdida com um rumo pouco definido, incerto. Deixo-me seguir no meu ritmo lento de exploradora enquanto caço com o olhar o andar ondulante da urbe que passa. Que me arrasta na mesma direcção. E saboreio. A sensação de impunidade de lhes roubar as almas de tanto os prender em mim. De os pensar e analisar. De os medir e avaliar. De os desprezar por seguirem sem ver, sem sentir, nem mentir. E delicio-me por poder ir sem pressas, sem demoras, simplesmente ir na liberdade do passo lento, dançável, como um bolero que tanto quero e que danço com a multidão sem ela saber. Porque eu sei. Sei que, quanto mais rápido for o nosso passo. Quanto mais rápido quisermos chegar. Quanto mais rápido chegar o amanhã… mais rápido nos vamos esquecer de inspirar o hoje.
8 comentários:
tão rápido que nem nos apercebemos que hoje é hoje e amanha ira voltar a ser um hoje como o de hoje...
curioso... hoje encontrei algo que anda la perto tb... http://osdiasuteis.blogs.sapo.pt/
Esta pressa que temos em chegar ao amanhã não é mais do que um sentido de sociedade com o qual nos identificamos (cada vez mais, assim me parece...). E parece que a própria sociedade nos pune se não tivermos potência suficiente nos nossos motores para que consigamos atingir a velocidade cruzeiro aceitável. Temos que ser velozes. Temos que ter pressa, urgência de chegar ao amanhã. Será pecado viver a vida ao ralenti? Ou seremos um dia multados pelo excesso a que rodamos o filme da nossa vida?
Nota: se isto fosse a RFM, este era o momento em que os nossos tímpanos iriam decifrar a frase “VALE A PENA PENSAR NISTO!”
…
(Venham-me render…quero sair daqui!!!)
Zap, seguindo a tua dica, um grande guru das filosofias cantáveis diz:
"Tomorrow's rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay
...
On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are
how fragile we are"
;)
A sociedade impele-nos a seguir com a corrente, ao seu ritmo, ora mais lento, ora mais veloz.
À medida que o tempo passa, a mesma sociedade, força-nos a aumentar os nós da navegação. A chegar mais rápido que os outros. Mais à frente. Mais e mais.
Nem sempre nos apercebemos que esta velocidade de cruzeiro nos estraga as máquinas, nos faz perder outras pelo caminho, nos faz menosprezar os pequenos barulhos de pré-aviso de avaria e de perda.
Outras vezes ouvimo-los. Muitas vezes ignoramo-los. Outras tantas perdemo-los. É ai que somos multados pelo excesso a que rodamos o filme da nossa vida.
Vale a pena a velocidade?
Este teu post incitou-me a apurar os sentidos. A recompensa…é só fechar os olhos!! (mas clica aqui primeiro...)
Aquele beijinho
Lindo... adorei!
Lindo... adorei!
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