31 de julho de 2009

O esquecimento de te ter perdido

Perdi-te...
Não percebi.
Perdi-te. Apenas isso.
Mas eu estou aqui à tua frente.
Não sei quando. Já não me lembro. Nem quando foi, nem como foi.
Eu estou aqui à tua frente. Eu! Cheguei há pouco.
A estranheza que é perder algo. A dificuldade que há em se aceitar isso mesmo. Perder-se algo que é nosso, independentemente de nos pertencer ou não. Independentemente de existir ou não. Não se trata somente de posse. Apenas falta. Não necessidade. Hábito e vício. O esquecimento de te ter perdido.
Mas o que é que te esqueceste?
Sim, não esqueci. Perdi. Os objectos mal adaptados são facilmente perdíveis, tal como um iman que não cola. A ergonomia das vontades e dos quereres como peças mal encaixadas.
Encontrei um iman debaixo da mesa...
...descolado, desmembrado, desadaptado. Perdido. Assim ficam os objectos que não se querem perder. Assim acredita quem os perde. Assim fica quem os perde. E eu perdi-te.
Mas eu estive aqui...

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