14 de julho de 2009

Vidas Encadeadas

Com quantas coisas à nossa volta nos identificamos num só dia?
Quanto de nós são os livros que lemos, os filmes que vimos, as histórias que ouvimos, as situações que presenciamos, aquilo que vivemos?
Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles. Somos todos o mealheiro de situações, a mala de viagem para um fim-de-semana, para um mês. Na nossa bagagem levamos o que queremos e o que não queremos, mas que ainda cabe, cabe sempre...
Quantas histórias cabem dentro de uma história? Quantas histórias tem a nossa história? Leio Virginia Woolf e deliro com o encadeamento das personagens que se cruzam umas com as outras num só dia. Como as suas histórias se completam umas nas outras. Como a vida de uma personagem se encadeia com a vida de outra personagem totalmente desconhecida para a primeira e, assim, como as suas histórias se completam, mais uma vez.
Vejo "Revolutionary Road" e pergunto-me com quantas histórias dentro da história me identifico? Quantas daquelas personagens poderia ser Eu? Qual daquelas personagens quereria Eu ser? Conseguiria Eu ser?
Passeio na rua e questiono-me se a pessoa que atravessa a passadeira no sentido contrário pensará o mesmo. Trocamos olhares e duas vidas ficam encadeadas por uma determinada situação. Por uma mera passadeira. E sei que influenciei o dia de alguém, porque esse alguém influenciou o meu. Sem nos tocarmos, sem nos falarmos, sem nos ouvirmos: apenas com o olhar e com a imaginação.

2 comentários:

Lina disse...

São esses pequenos e inevitáveis "filmes" que fazem parte da condição humana. Os que criamos na nossa cabeça, os que lemos, as personagens que criamos ou que gostaríamos de ser. E não é tão bom isso, criar castelos no ar?

**

CarMG disse...

O bom, é ir na rua, olhar para as pessoas com quem nos cruzarmos a imaginarmos as histórias delas, de todas. Porque é que vão sérias, porque é que vão a andar rápido, porque é que levam sacos na mão, e porque não!
E se, estamos separados de qualquer pessoa do Mundo por sete pessoas (assim o dizem), qual a probabilidade de, para além de influenciarmos a vida de alguém num determinado momento, nos chegarmos mesmo a conhecer?
É um novelo fantástico :)