22 de julho de 2009

Usurpação

Usurpar uma vida que não é a nossa. O voyeurismo de espreitar algo que não nos pertence por herança, mas sim por direito. Manter cativa uma história de algo, uma teia de acontecimentos na qual personagens, pessoas, figuras, coisas, com as suas situações, são transformadas em enredos. Vivê-la como nossa, senti-la mais do que quem a escreve, por ser nossa naquele momento. A verdadeira projecção. Mais do que espreitar para janela da vizinha, é viver a sua vida sem sofrer fisicamente as consequências, mas ultrapassar as mesmas barreiras psicológicas, ultrapassar a mistura das barreiras lidas com as realmente vividas. O sentimento de posse e pertença, sem nunca possuir ou ter. Mas sentir. Os sucessos, os fracassos, as alegrias, as tristezas: nossos! E no final, quando acaba, quando chega ao fim, ficar o vazio, como quando se perde alguém.
São as consequências de um bom livro.

2 comentários:

I disse...

Nem mais!... :-)

CarMG disse...

e que bom que seria se fossem todos assim...