19 de janeiro de 2010

Nunca a dúvida fora tão acentuada. Tão acertada… encostada ao ferro ferrugento do elevador. A ferrugem forte e ocre. Dispersa verticalmente pelo prédio acima. Ao sabor do vento e das correntes. O ferro do elevador. A ferrugem do tempo.A cor do contratempo. Passado e encontrado no mesmo sítio. O cheiro. Sempre o mesmo cheiro. Não das escadas. Esse, já estava nas entranhas e lá permanecia dormente. Latente era o cheiro da ferrugem entranhado nas lágrimas que escorriam escada abaixo. Se o barulho, em tempos, fora do crack crack, agora era do ping ping da torneira que se tinha aberto. Os despojos escorriam em sal grosso do saco cheio. Lacrimal de medo e dúvida. De ressentimento e hábito. Do hábito… normal. As partículas desmaterializadas e vaporizadas ecoavam pelo patamar. Gritavam. Gemiam. Articulavam palavras que não podiam ser ditas de verdade que possuíam. A leitura do Tarôt abdicara das cartas em prol da profecia do auto-conhecimento: os búzios estavam lançados. Desciam cada degrau manchado de sal com a certeza que só a dúvida tem…

1 comentário:

Lina disse...

Sem o sal, a dúvida estaria adormecida...