5 de dezembro de 2009

Cheiro de quem o sente na ebulição dos estímulos olfactivos

Assim, entranhado nos mesmos cantos redondos da memória. Nos caminhos olfactivos que conduzem ao estômago estimulados a pequenas descargas eléctricas. Constantes. Persistentes. Não obedientes. Mas intensas… Lá, no estômago, onde tudo se sente. Onde tudo se recorda. Onde tudo se vive, é onde fica. O cheiro. O aroma. O perfume. O ritmo. O compasso. O astrolábio que sabe os cantos, os redondos, de cor. De olhos fechados. Com o tacto. Com o desejo. Com o vício. Com a arte. Assim, eternamente entranhados. Nas entranhas cravados, os cheiros. Os aromas. Os perfumes que nos rodeiam. Nos agarram. Nos paralisam. Nos transformam… que tanto nos deixam a contemplar as estrelas, aquelas, as da noite, quando à noite… como nos desce ao quente do Inferno, de Dante. No levante dos pensamentos. Lá, a jusante, para onde estendemos a mão, enquanto a outra, retida, guarda o estômago, para que nada fuja e tudo sinta, na ebulição dos estímulos olfactivos…

3 comentários:

Anónimo disse...

Bem...vamos criar um blog?

Lina disse...

Além de tudo isto, o desconcertante que é a associação constante que fazemos entre aromas muito específicos e determinados lugares, momentos ou até mesmo a coisas que não conseguimos identificar mas que, mesmo assim, nos deixam com um calor no estômago e um nó na garganta...
*

CarMG disse...

desconcertante é andarmos nós na nossa vida sossegada e sermos desassossegados por um qualquer cheiro familiar que nos desassossega o espírito!

a presença dos cheiros na nossa memória é muito forte e mais forte é quanto maior se sentem, no estômago... e sentem-se... sem dúvida!

MC, mais blogues?! ;)