15 de dezembro de 2009

De novo a Ousadia

De novo a ousadia, a olhar fixamente para mim. Olhos nos olhos. De forma intimidatória. De forma provocatória. A retina, redonda, profunda até à medula. A íris, reluzente e enérgica, cheia de viva. A pupila, não contraída, dilatada a emanar uma fragrância desconhecida até então. A ousadia penetrante. Invasiva que me invade a espaços regulares. Que roça e rasa por mim sem a sentir, mas sabendo-a lá. Fixa. Constante. Discreta. O ousar pensar que lhe posso resistir e fugir. Como se fosse possível… De novo, a mesma. Ousada. Usada. Sadia de querer e saber. Que ao toque e ao cheiro o galope do coração não bate: voa! Longitudinalmente. Paralelamente ao verticalismo do desejo. Ousaria negar-lhe o direito de se transformar em tentação? De impedir uma aproximação? Tentar-me-ia a sair do escuro e a tocar, não com os dedos: com a palma e com a mão, no movimento? Na ondulação? Ondulo sem náusea no pêndulo de Foucault e rodo com a Terra, de olhos fechados. Ouso sentir o seu interior. Quente. Ardente. Com lava incandescente que escorre e cria vida. Nova. Renovada. Reciclada. Cíclica de sílica. Cínica de idílica. E olhou fixamente para mim…

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