27 de outubro de 2009

Mais leve mas mais cheio

Era viajante. Apenas isso. Nem loiro nem moreno. Nem bonito nem feito. Nem alto nem magro. Viajante. Apenas. Os adjectivos visíveis eram insuficientes, nada abrangente, reticentes. De tal maneira aculturado fisicamente pelo Mundo, que se torna impossível adjectivar. Olha-se. Mesmo que com atenção. Os traços físicos são montanhas. Os estéticos, lagos. As feridas e arranhões, vulcões. Os adereços, monumentos. Na cabeça, histórias. Na mochila, a vida. Imensa. Plena. Cheia. Não de coisas. Não de peso. Da mochila desenrolam-se negativos de todos os lugares por onde passou. Das gentes das cores dos sons dos cheiros dos sabores. E transporta-se, qual nómada, de lugar em lugar. E distribui-se, qual vendedor ambulante, de pessoa para pessoa, tudo o que se viu e sentiu. E dá-se, a si, aos outros, e dá, mais e si, a todos e transforma-se a cada nova viagem. Apenas isso. Viajante. Mais leve mas mais cheio.

2 comentários:

ZapporssoN_81 disse...

De que serve a vida afinal se para conhecer tudo aquilo que nos rodeia.
conhecer, porque de conhecimento se alimenta uma alma e enriquece um espírito...
Peno que nos percamos tantas vezes em futilidades de um quotidiano egoísta e metropolitano...

CarMG disse...

...eu penso que, na maioria das vezes, passamos sem olhar, sem sentir, sem absorver o que nos rodeia! Prendemo-nos ao ritual da fotografia turística, ao "been there, done that" que nem sequer olhamos com olhos de ver à nossa volta.

"Das gentes das cores dos sons dos cheiros dos sabores." é disso que muitos se esquecem quando passeiam. Esses não. Não viajam...