1 de julho de 2010

D-i-s-t-â-n-c-i-a

Por vezes, dou por mim a pensar na distância. Distância. D-i-s-t-â-n-c-i-a. Podia ser outra coisa qualquer, mas na distância, especificamente. Com a mente. À distância. Na distância.
D-i-s-t-â-n-c-i-a.

Estás a divagar... de novo...

Dou por mim a pensar no que ela significa. Na distância. O que é a distância?

Como definição? Não...

...como é que se mede a distância? Em metros? Ou nos quilómetros em que eles se transformam se esticarmos um plano até ao infinito. Até ao seu limite. Até ao precipício... Até os quilómetros serem galáxias perdidas no universo submergidas em extensos buracos negros à prova do som e da luz e do tempo e dos sentimentos... Medir-se-á em tempo? Contar-se-ão os intermináveis minutos e a sua luta para se perseguirem uns aos outros, incessantemente, ininterruptamente, numa luta que acabará sempre... a seguir?

...

Silêncio... É isso? Mede-se a distância em silêncios?

Não em quantidade. Nunca em qualidade....

... mas em intensidade.... Medem-se em intensidade...

Os silêncios?

Não... "Medem-se" no plural, tudo o que na distância de um silêncio não é dito, "sentem-se" no silêncio que a distância criou...

... que roubou...

[agarrou numa tesoura e cortou tudo o que fosse quantificável. Transformou em farrapos papel, tecido, pele, vida, água. Dentro do copo triturador, verteu o resultado que jorrou janela fora, no topo do mundo para que fosse varrido pelos ventos e tempestades para que estes se dividissem e diluíssem até nada serem, como o infinito, que se persegue sem se achar, que se auto analisa sem se perceber e caiu, derrotada. No chão. No mesmo sitio. Na mesma hora. Na mesma situação...]

No teu silêncio sei a tua distância. A distância que estás de ti mesma, dentro de ti. O mundo... mera estética que adorna o ser.

(e agarrou em todos os relógios e máquinas e utensílios qualificáveis de quantificar. Guardou-os onde sabia que iriam ser encontrados... assim que fossem precisos, de novo... assim que a distância quebrasse o silêncio...)

[e o corpo ficou, inerte, tick-tack-teando, como uma natureza morta, como uma fita métrica estendida...]

6 comentários:

I disse...

Sim, o nosso corpo pode medir distâncias temporais... que prazer ter-te de volta!

CarMG disse...

:)

Mais do que o tempo ou o espaço... o corpo! É isso mesmo! O corpo...

Lina disse...

"No teu silêncio sei a tua distância."

...que agora diminuíste.
:)

CarMG disse...

eh... ;)

lol

I disse...

Uma vez disse ao tempo que sem ele haveria vida. Ele respondeu que viveria perdida, mas eu retorqui que viveria antes descansada com o relógio da minha própria pele...fizeste-me pensar nisso!

CarMG disse...

Bonito :)

Não consigo imaginar como seria viver sem tempo... sei que conseguiria viver com o meu tempo, que é tão diferente do tempo dos outros.