A adoração pelo
perfeccionismo como
catalisador de uma vida. A impossibilidade de dirigir essa mesma vida se não segundo um valor matemático, em que não há planos nem rectas côncavas ou convexas. Em que o espaço não se
torce nem dobra sobre si mesmo. Em que as leis da física,
seculares, servem como verdade absoluta. A sua verdade. À sua maneira. A sua física. A sua quântica. Recta! Medições
milimétricas a régua e esquadro. O compasso para confirmar a sua razão. E as marcações a tinta da china, para não deixar lugar a enganos. De cinco em cinco
milímetros,
tick! Mais cinco
milímetros:
tick!
Tick!
Tick! Marcado como uma folha de cálculo. Uma prisão a preto e branco em que as linhas, rectas, perfeitas,
milimétricas,
verticais verificam que os
pontos unem. A sua certeza. Recta.
Tudo tem o seu lugar no universo. Tudo. No seu! São leis! É a ordem.
Esterilidade. E um bisturi. Tiras de pele contínuas, equidistantes, nunca somente e apenas semelhantes. Iguais! Gémeas de si mesmas do princípio ao fim. Carris de comboios rápidos retirados do seu lugar com luvas de ourives. Numeradas em romano para n
unca saírem do seu lugar exacto na imensidão do universo. Lágrimas de admiração para as lubrificar com o seu
próprio ADN...
... agarrou-as, a todas, as tiras, num único novelo. Nem vértices, nem pontas, nem soltas, nem horizontalidade. Romanos misturados com poros e pelos e paixão. Misturou-as e formou um novo abecedário.